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PÚBLICO X PRIVADO

  • Luís Fernando R. Marques
  • 12 de ago. de 2016
  • 3 min de leitura

Após alguns dias pensando em qual seria um bom tema para meu segundo post, tive esse insight e achei que seria uma boa opção! Com certeza você já ouviu (e fez) várias piadinhas sobre o funcionalismo público, mas não estou aqui para reprová-lo por isso ou para lições de moral. O meu objetivo é propor para você, prezado leitor, que faça a mesma reflexão que tenho feito nos últimos dias.

No post anterior eu havia dito que trabalho como médico da Estratégia de Saúde da Família, logo, trabalho para o melhor plano de saúde que já foi inventado em toda a história: o SUS. Sim, sou defensor desse sistema, o que não quer dizer que eu o ache perfeito (não vou gastar muitas linhas aqui, acho que esse poderia até ser o assunto de um próximo post). Como eu estava dizendo, sou funcionário público há cerca de 1 ano. Tenho carteira assinada, meu salário é pago em dia, tenho 30 dias de férias por ano, 13o salário e várias outras vantagens que essa categoria de trabalho me proporciona, o que é considerado excelente nos dias de hoje!

Cresci ouvindo muitas piadinhas a respeito do serviço público. Meu pai é funcionário concursado no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento há cerca de 14 anos e pra mim sempre foi um exemplo a ser seguido nesse quesito. Ao seu melhor estilo Lineu (personagem do seriado "A Grande Família"), sempre foi muito correto com relação às suas obrigações, com seus horários e com todos os deveres que a sua função lhe exige. Hoje é referência nacional em sua área e daria um excelente Ministro da Agricultura se quisesse. Apesar disso, sempre foi alvo das famosas piadinhas de almoço de família aos domingos (as piores do Universo! rs) que visam denegrir a imagem do funcionário público e a qualidade do serviço por ele prestado. E eu absorvi as brincadeiras e cresci com essas crenças limitantes, das quais me dei conta apenas recentemente.

Certo dia no trabalho, quando um paciente começou a exigir serviços que não eram prestados nem na rede privada, eu me vi apresentando o seguinte argumento para minha equipe: "Uai, mas ele está querendo que aqui no SUS sejam feitas coisas que nem no particular funcionam assim!". Em seguida me veio um sentimento de vergonha alheia bem grande pelo que eu havia dito. Fui envolvido pelas minhas crenças limitantes e absorvi o paradigma social de que o público é sempre pior do que o privado. De onde veio isso? Quem falou que isso tem que ser assim, que o privado é melhor do que o público? Quem determina que o serviço prestado por mim é pior do que o de outro profissional é só o sistema que nos financia?

Tentando compreender a origem dessa questão, pude enxergar com mais clareza alguns comportamentos. Quantos colegas eu já vi com atitudes semelhantes à minha? Que achavam que por estar no serviço público não deveriam se dedicar tanto quanto se dedicavam ao seu consultório, ou que não precisariam dar o seu melhor para o paciente do SUS? Numa esfera mais abrangente, fora da medicina, profissionais que não chegam na hora, fazem horário de almoço estendido, não se dedicam tanto quanto poderiam... Resumindo, o serviço público há algum tempo virou uma forma de escape para as pessoas. É a velha história do salário em dia, 13o, férias e todas as outras vantagens que eu disse acima. O único motivo de muitos estarem ali é a estabilidade financeira. Mas falta algo. E de fato só é possível sempre desempenhar um bom trabalho se você tiver uma motivação muito clara e forte.

A motivação pode faltar por vários motivos. Pensando na medicina a primeira coisa que vem a mente é a famosa "falta de plano de carreira". Sim, essa é uma coisa muito desmotivante, mas o plano financeiro é apenas uma motivação passageira. Poderíamos pensar em várias outras coisas, mas o que falta realmente é o "por quê" de estar ali, falta a conexão do trabalho que está desempenhando com o seu sonho. Então, se você é funcionário público, questione-se: "Eu estou onde eu queria estar?", "Eu dou o meu melhor quando estou no meu trabalho?". Se a resposta foi não, algo está errado e precisa ser revisto. Se a resposta foi sim, venha comigo e vamos mudar essa concepção que o serviço público é inferior ao privado iniciando com uma mudança interna. Amanhã quando chegar ao seu trabalho, seja qual for ele, faça o seu melhor, atenda o seu paciente como se ele fosse o mais importante do mundo, faça o seu relatório como se o seu emprego dependesse dele, termine aquela construção com se o prédio fosse ser a casa da sua família. Dê o seu melhor. Faça a diferença. Nos dando valor, seremos valorizados. E a partir desse momento essas crenças limitantes deixarão de fazer sentido.


 
 
 

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