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SOLTEIRO, MAS NÃO SOZINHO

  • Luís Fernando R. Marques
  • 14 de abr. de 2018
  • 3 min de leitura

Tenho certeza que a primeira coisa que você pensou ao ler esse título foi: "safado"! Isso provavelmente por ter lembrado da expressão "solteiro sim, sozinho nunca". Mas a referência do título não foi nesse sentido! Na verdade, a intenção é outra completamente diferente, e esse tipo de pensamento referente a relacionamentos vem bem a calhar, pois é a isso que quero me referir: à compulsão social por ter alguém ao seu lado!

Provavelmente você que já ultrapassou os 25 anos e continua solteiro já passou pela situação de em alguma festa de família responder à pergunta inconveniente daquela tia distante: Uai fulano, cadê a namorada? Não adianta, na concepção de nossa sociedade mineira conversadora católica apóstolica-romana destinamos a nossa vida a buscarmos uma relação afetiva estável e posteriormente nos reproduzirmos em filhos que continuariam nosso legado. Talvez por isso o meu próprio espanto tenha sido tão grande quando uma amiga de trabalho postou ano passado um texto com o título "Maria não queria casar nem ter filhos". Me surpreendi muito com o conteúdo exposto no texto, mas mais ainda com alguns dos comentários no final do texto que pareciam sair de um filme da idade média...

Em se tratando de pessoas com relacionamentos longos na bagagem, no meu caso quase 9 anos de namoro, isso se torna um assunto ainda mais complexo. Quando namoramos muito tempo é natural que ao longo do tempo exista uma perda da individualidade, mudanças de prioridades, afastamento de certos tipos de convivências e eventos. E isso ocorre porque passamos a nos dedicar a uma outra pessoa, buscamos ser companheiros, estar presentes! E isso até certo ponto é o correto a se fazer, afinal, se não for pra estarmos juntos, se não for pra existir cumplicidade, não faz sentido, não é mesmo? Mas vale lembrar que relacionamentos nem sempre perduram para sempre e quando rompemos esse vínculo nos vemos abandonados e sem chão, por mais distintos que sejam os motivos que levaram a esse término.

A casa cai e se não nos cuidarmos acabamos sendo consumidos por esse anseio em ter alguém do lado! Eu mesmo me vi nessa situação e acabei fazendo várias escolhas erradas. Instalei Tinder, Happn, saia "à caça" nas baladas, me envolvi em relações vazias apenas para estar com alguém. Mas após alguns encontros e reencontros que a vida felizmente me proporcionou, após alguns acontecimentos que pareceram ocorrer só para me abrir os olhos, tive a oportunidade de enxergar além dessa perspectiva.

E foi nesse momento que me dei conta de outras coisas. Calma, obviamente não foi instantâneo, teve muita fossa, muita Marília Mendonça, muito Bruno e Marrone e muita raspação de chifre no asfalto até que esse momento chegasse. Foi preciso passar por isso para ver que sim, eu estava solteiro, mas jamais estivesse sozinho. Ali estavam meus pais, incialmente preocupados pela tristeza manifestada e posteriormente ansiosos para que a fase de solteirice aguda passasse.

Ali estavam meus amigos, muitos deixados de lado ou dos quais me afastei por dedicar todo o meu tempo a uma pessoa apenas. Ali estavam outras mulheres incríveis das quais eu achei que não poderia me aproximar por não saber distinguir a amizade de outros sentimentos. Após algum tempo "na pista" posso reafirmar com propriedade o que já escrevi anteriormente, que não devo buscar a outra metade da laranja, e sim ser uma laranja inteira! Mas, sobretudo, vi também que uma laranja sozinha não faz nem um copo de suco! Uma andorinha não faz verão. E por isso hoje, solteiro, namorando, casado ou viúvo, agradeço por estar cercado de pessoas que me fazem tão bem. Pessoas essas que não abro mais mão de ter por perto.


 
 
 

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